“Liberdade… liberdade abra as asas sobre nós”
Prof. Myriam Marques
O homem é produto da linguagem, afirma Jaques Lacan (psicanalista francês) que desenvolveu um estudo aprofundando do elemento constitutivo do “ser” humano, enquanto sujeito do inconsciente.
A partir dessa afirmativa podemos compreender o porquê de tantas polêmicas surgirem no contexto das relações interpessoais. Se o homem é produto da linguagem, é pela linguagem que conhecemos os sujeitos. Sendo assim: a linguagem do poder visa o poder, a linguagem do manifestante visa a opor-se ao sistema, a linguagem capitalista visa o lucro e a linguagem do amor visa a fraternidade.
A linguagem por sua vez revela verdades e ou as camufla, dependendo dos interesses a que serve, ou das forças que regem o momento.
Devido à força que a linguagem exerce nas pessoas muitos segmentos sociais fazem uso dela para controle das massas. A religião, a política, a mídia televisiva são exemplo reais dessa influência no pensamento e no comportamento dos indivíduos.
Por outro lado, a linguagem pode ser o meio mais eficaz de contestação contra as injustiças e os usos e abusos de poder do “maior” contra o “menor”. No ápice da ditadura no Brasil, uma das estratégias de controle e opressão foi a implantação da censura incluindo as várias modalidades de linguagem: jornalística, televisiva, artístico- cultural, rádio- difusão e inclusive as conversas em sala de aula.
Naquela época várias pessoas sofreram perseguições, torturas e toda sorte de punição. Ainda assim, havia grupos que permaneciam na luta ainda que silenciosa. Chico Buarque de Holanda utilizando da linguagem figurada cantou: “Pai afasta de mim este cálice, de vinho tinto de sangue”.
Vejam como a linguagem está a serviço das manifestações dos desejos conscientes e inconscientes dos indivíduos, embora sirva como poderosa arma de controle das massas. Sendo assim, é possível compreender a importância da imprensa e da LIBERDADE de expressão. É através das palavras que poderemos tocas as almas humanas, sacudir os apáticos, suscitar a reflexão, despertar os sonhos, embora saibamos que a mídia muitas vezes serve aos interesses dos poderosos e do sistema vigente.
Este espaço reservado aos Servidores Públicos de Anápolis e a AFAPEMA tem servido como um dos poucos espaços que possibilita LIBERDADE de opinião, de desabafo e de luta em favor de uma classe.
Hoje queremos falar da nossa indignação em saber perceber e sentir que nossas palavras e que os artigos publicados neste espaço estão causando mal-estar em alguns e suscitando a ira de outros. Acontece que temos a consciência e a postura de pessoas que defendem uma ideal de luta pela justiça e em favor de uma coletividade.
Somos coerentes, apostamos no crescimento e desenvolvimento de nossa cidade, e almejamos a melhoria da qualidade de vida do povo anapolino.Somos parceiros de todos aqueles que visam o bem comum, no entanto somos discriminados e postos fora por aqueles cuja luta mudou seu foco e o alvo direcionou-se para o campo de seus próprios interesses. Não haveremos de nos calar apenas pelo fato de que não comungarmos com atitudes que afetam a liberdade e o direito dos indivíduos.
A censura aos pensamentos e posicionamentos críticos das pessoas é uma atitude que não condiz com os princípios democráticos nem tampouco com a postura de homens que sempre se mantiveram ao lado do povo. Que linguagem é essa que estamos ouvindo? Que tipo de personalidade mutável é essa que paira sobre homens que outrora defendia única e exclusivamente os direitos do nosso povo contra as injustiças? Onde estão os homens guerreiros que caminhavam conosco nas linhas de frente contra a ditadura e o autoritarismo? Que momento é esse que estamos vivendo, onde os velhos amigos são mandados calar?
É triste termos que reconhecer que os homens diante do poder mudam tanto!!! Haveremos de manter alta nossa voz em favor dos Funcionários Públicos ativos e inativos. Haveremos de contrapor aos abusos de poder que jamais pensamos que pudessem ser cometidos pelos companheiros de velhas caminhadas.Não se faz progresso com sacrifício humano, isso nós já dissemos e repetimos.
Estamos aliados ao progresso que venha acompanhado de respeito aos indivíduos, da justiça social, do acesso à educação e à saúde para todos. Obras, asfalto, esgoto são equipamentos essenciais à melhoria da qualidade da população, e são bem vindos. Porém, devemos atentar para o fato de que somos povo e como tal temos necessidade de nos sentirmos gente. Não nascemos para a escravidão. Somos livres embora presos pelas correntes das desigualdades.
A imprensa que pouco fala em favor das massas, guarda-se e resguarda-se para manter-se no mercado. Todos temem perder. Outros vendem seus espaços e suas vozes. Outros falam, falam pouco, mas o bastante para serem eliminados do jogo.
Neste tabuleiro, somente as peças importantes se deslocam, o resto, são apenas expectadores.
Do lado de dentro ou de fora. Mudos,pálidos, remotos…
“Liberdade… liberdade abra as asas sobre nós!”
Prof. Ms. Myriam Marques
Presidente do Conselho Municipal de Previdência Social