Carta resposta
Prof. Ms. Myriam Marques
Em entrevista ao Jornal “O Anápolis” publicado em 05 de setembro último, o Secretário Municipal de Planejamento teceu declarações um pouco polêmicas do ponto de vista ético, já que enfatiza generalizando que “os funcionários são de baixa qualificação” (…). A infeliz matéria revela uma intenção subjetiva que nos leva a pensar: ou o caro Secretário quer uma desculpa para justificar a excessiva contratação de comissionados ou foi tomado pelo espírito nazista aliando-se ao conceito de raça ariana, o de sua suposta superioridade, procurando deste modo aplicar a idéia da seleção do mais capaz aos indivíduos.
Percebe-se daí que o nobre colega assume uma visão de “colonizador”, verdadeiro responsável pelo controle dos funcionários “não civilizados” e assim justificar suas ações de dominação. Esta noção de superioridade desdém os funcionários efetivos colocando-os como inferiores, débeis e inoperantes. Diante do exposto e publicado, alguns funcionários públicos nos procuraram indignados com a matéria; matéria esta que repercutiu muito mal entre os servidores tendo sido inclusive motivo de crítica da mídia jornalística. O Sindicato dos Funcionários Públicos foi acionado e colocou-se ao lado dos servidores reivindicando direito de resposta. Avisado do infortúnio, o Secretário em questão enviou carta ao Jornal e ao Sindicato justificando-se e negando algumas de suas afirmações, oportunidade que afirma ter “profundo respeito ao ser humano, não interessa qual a sua posição na pirâmide social ou profissional”.
Ora, as palavras do colega não condizem com a realidade que se observa no contexto das relações internas em alguns órgãos da administração. Na verdade está havendo uma supervalorização dos funcionários comissionados e uma total rejeição aos efetivos. Afirmar que “os funcionários são de baixa qualificação” não se aplica aos excelentes profissionais efetivos que temos em todos os órgãos municipais. São funcionários que conhecem o serviço, conhecem os problemas da cidade, conhecem o funcionamento da máquina político-administrativa e já estão calejados de serem “sombras” dos novos chefes que chegam como “pavões”, emplumando suas belas caldas, mas que escondem seus desajeitados pés.
O que o nobre Secretário desconhece é que os funcionários municipais não são mercadoria de troca do mercado financeiro, não são móveis velhos que se põem no porão. Há de se respeitar à experiência e a capacidade de cada um. A exclusão está fora de moda! Nossos colegas (antigos de casa) estão sendo postos à margem do caminho. Se alguém tem dúvida faça uma visita ao prédio da antiga Faiana. Vocês verão salas repletas de comissionados que possuem os melhores computadores, os melhores equipamentos. Alguns estão frequentemente fazendo cursos em São Paulo para qualificação. Vejam só que ironia: qualificam os comissionados e rejeitam os efetivos, depois vão à mídia dizer que “os funcionários são de baixa qualificação”. O mais redundante é que o Secretário em sua carta resposta ao Jornal O Anápolis afirma que “o esforço da atual administração é resolver problemas internos e externos que vem se arrastando por décadas”. Pelo visto estes problemas tendem a continuar, afinal, os comissionados vem e vão. Os efetivos ficam. Os novatos chegam com entusiasmo e são tratados com entusiasmo. Os efetivos chegam com entusiasmo e são tratados com indiferença. Isto sim, se arrasta a décadas e vem ocorrendo com muita reincidência no contexto atual.
Caro Secretário, nosso interesse em tornar público estas mazelas, não são interesses “nem sempre confessáveis” como você afirma e, se há algum veneno, este deve está encubado nas veias de homens que insistem em ser melhores que os outros.
Prof. Ms. Myriam Marques
Presidente do Conselho Municipal de Previdência Social