EU E MAURITY
Vai findando a semana e a Diretoria do Sindianápolis sempre se vê às voltas com a escolha do tema a ser explorado nesta nossa coluna. Conforme a escolha, uma nova decisão: quem, dentre os disponíveis, será o encarregado de transmitir o pensamento do funcionalismo, representado pela opinião de seu Sindicato? Desta vez não foi diferente. Recebi a incumbência de falar a respeito de Dr. Maurity, ex-Presidente do ISSA.
Pensando no que escrever, parado à frente do computador por alguns minutos, indeciso, acabei por me decidir, mesmo correndo o risco de trair ou não corresponder à confiança depositada pela Diretoria, quando deveria representar sua opinião. De uma pessoa tão polêmica, o que poderíamos dizer, sem risco de erro? O que sabemos do convívio direto, o vivenciado, não o ouvido, sem provas, ou não presenciado.
Em muitas oportunidades, publicamente, mesmo nesta coluna, me posicionei contrário à escolha de Dr. Maurity para presidir o ISSA. Não só escrevi ou falei, como o disse pessoalmente a ele, em oportunidades nas quais pude desfrutar de sua hospitalidade, ou durante reuniões na antiga sede do Instituto, próxima ao SENAI. Defendia, como continuo pensando, que a direção da entidade deve ser feita por alguém escolhido democraticamente, pelo voto direto dos interessados na questão: os funcionários na ativa e os aposentados. E qual era sua opinião? Sei que não será surpresa para aqueles que tiveram o prazer de conhecê-lo mais, de conviver e ouvir suas longas exposições, com aquela maneira tão característica de tratar as questões mais diversas, com expressões muitas vezes mal compreendidas ou julgadas sem o concurso do pleno conhecimento do contexto. Sem saber, mesmo, o que se passava na cabeça daquela brilhante personalidade da vida pública desta Cidade. Ele, me chamando carinhosamente de “minha liderança”, concordava plenamente, e se passavam alguns minutos de prazer, entre nós, discutindo as questões que nos impunham dedicação e respeito aos próximos, que ali nos haviam colocado, e que esperavam de nossas decisões o melhor encaminhamento para os problemas que nos atormentavam. Como decidir a quem pagar, quando os recursos vindos da Administração não cobriam as obrigações do mês? E havia obrigações de outros meses, pendentes! Pagar aos mais necessitados, doentes, que suplicavam atenção? Ajudar a pagar as contas daqueles a quem faltavam condições mínimas de sobrevivência? Ele sempre soube encontrar solução para as questões mais prementes. Arrumava um “cobrim” aqui, outro ali, e a vida seguia.
Haverá, todos sabemos, quem não concordará com minhas palavras. Nunca se agrada a todos. Nem estou aqui para isto. Ouvi, neste tempo à frente do Conselho Previdenciário, as mais controversas opiniões a respeito de nosso já saudoso amigo. Paixões ou mágoas à parte sempre houve quem reconhecesse o homem caridoso, que sabia discernir a quem deveria acudir primeiro. E se derramava em elogios. Havia os que entendiam ser sua responsabilidade cobrar pelas faltas de outros, a quem realmente cabiam responsabilidades. E quem estava mais próximo dele sabia que, sem alarde, ele tentava de todas as formas resolver as questões que tanto o incomodavam, como àqueles dependentes de suas ações. Cavalheiro, acima de tudo, ouvia calado acusações que lhe faziam, não transferindo ou endereçando a culpa a quem realmente a merecia. Humano, como cada um de nós, fraquejava em alguns momentos, deixando para os que experimentaram estes seus momentos ruins uma impressão errada, pois não dependia dele, exclusivamente, a solução. E seu coração, cansado de tanta pressão, punha nos lábios expressões que não pertenciam aos seus princípios. Que contrariavam sua educação.
Até hoje, e que fique registrado neste momento, nada se provou, nas administrações de Dr. Maurity à frente do ISSA, que permita a quem quer que seja lhe fazer críticas ou julgamentos de improbidade. A auditoria federal requisitada pelo Sindianápolis ao Ministério Público Estadual continua em aberto. Os trabalhos devem ser concluídos ainda neste ano. Pelo menos assim esperam todos os interessados. E até agora nada se levantou contra sua pessoa. Isto devo escrever. Em todas as oportunidades em que o procurei, sempre me recebeu corretamente, se dispondo a explicar cuidadosamente qual era a verdade dos fatos.
Mais cedo, ao ligar para um dos diretores, buscando opiniões para este texto, ouvi o que já sabia: “sou suspeito para falar. Para mim ele foi um pai!” E dos outros, o que ouviria? Preferi não ligar, e registrar um pouco do que poderia escrever com sinceridade, conhecimento e justiça, atento àquela única resposta. E, assim, quero somar à imensa manifestação de respeito e pesar demonstrada por tantos que se fizeram presentes naqueles momentos de sua despedida, nossas condolências e atestado de profunda tristeza, dirigidas aos seus familiares, a quem tanta falta certamente fará. Que ele esteja com Deus, e que Ele os fortaleça!
Engº Dido Gonzaga Jaime, ex-Presidente do Conselho Municipal de Previdência – ISSA, membro do Conselho Fiscal do Sindianápolis, funcionário público municipal,
CIDADÃO ANAPOLINO.