Matéria – 09/06/07 – Anapolis tem circo

ANÁPOLIS TEM CIRCO?

 

Em minhas memórias da infância está o circo itinerante que, uma vez por ano, coloria nossos dias. Palhaços, malabaristas, contorcionista e mágicos alegravam os finais de semana onde também os adultos permitiam acordar sua criança interior. Inesperado foi vivenciar um circo montado na Câmara Municipal no dia 4 de Junho quando da votação da aceitação da denúncia de uma Servidora Pública aposentada. Este requerimento foi protocolado na Câmara Municipal no dia 23 de maio contra o prefeito municipal em virtude dos documentos extraídos da Comissão Especial de Inquérito – CEI que provam desvios de recursos do FUNDEF em 2004 e também da apropriação de recursos que foram retirados da secretaria de educação com destinação ao Instituto de Social de Previdência – ISSA, em dezembro de 2004 e que foi desviado de sua finalidade para pagamento de empresas.

Esta situação explica porque o fundo previdenciário hoje se encontra zerado, os aposentados com salários atrasados, em alguns casos em até 14 meses, e o futuro do servidor se encontra totalmente comprometido. No dia 29 de maio o prefeito assinou no Ministério Público de Anápolis uma confissão de dívida no valor de R$ 5.192,00 referentes aos repasses da parte patronal da educação do ano de 2006 para o ISSA e fez um ajuste de conduta para pagamento deste valor em doze parcelas de R$ 432,701. Veja aonde chegamos: quatro meses de 2006 vão ser pagos, caso a administração honre o acordo, em 12 vezes sem juros e correção monetária. Se qualquer um de nós, contribuinte, atrasarmos em um dia sequer o pagamento de nossos impostos, não seremos perdoados e teremos que pagar altas multas com juros e correção monetária. O mesmo acontece com os empréstimos no Banco do Brasil que os aposentados estão sendo obrigados a contrair em virtude da política salarial.

Voltemos ao circo. A denúncia deveria ser votada na primeira sessão de junho e convidamos os servidores e a população para estar presente observando a atuação dos atores principais, os vereadores, que deveriam cumprir seu papel de fiscalizador do poder executivo através do acompanhamento das ações administrativas. Esta é a maneira dos vereadores cumprirem a missão confiada pela população na defesa dos interesses coletivos, garantindo, assim, o andamento da máquina administrativa nos esteios da justiça e da moralidade.

Alguns participantes chegaram cedo, mas quem chegou fazendo mais barulho foram as quatro viaturas policiais sendo uma de choque que chegou cantando pneu e anunciando a venda dos ingressos. O policial que se posicionou na porta com detector de metal selecionava os trabalhadores comissionados dos demais, liberando os primeiros e submetendo os demais ao constrangimento. Aos poucos foi chegando grande número de servidores comissionados convocados em caráter de obrigatoriedade para participar da sessão da tarde do circo. Como de costume, alguns comissionados com cargo de chefia, observavam os servidores efetivos com o objetivo de “dedurar” mais tarde os guerreiros que não se intimidam e assumem a luta pelos direitos de todos e pelo futuro da classe.

Os comissionados, obedecendo a ordens superiores, criaram um campo de guerra e conseguiram tumultuar o processo. Deprimente foi observar o Servidor efetivo se submeter a este papel sem perceber que amanhã também irá se aposentar e então vai amargar ter defendido aqueles que desviaram o que era seu de direito. Ao mesmo tempo em que acontecia o processo de provocação entre servidores, o presidente da câmara iniciou o processo de votação na tentativa de mascarar o ato de subserviência da maioria dos vereadores ao comando do executivo municipal. As faixas novinhas e bem pintadas abertas em plenário, pelos comissionados pediam para deixar o prefeito trabalhar, contrastavam com as dos servidores, surrada pelo uso e que versavam sobre a apropriação indevida do dinheiro do aposentado.

O resultado já era mais do que esperado. Dos quinze vereadores apenas cinco estão comprometidos com a transparência e a verdade no uso do dinheiro público. Apenas estes vereadores enaltecem a conduta da câmara neste momento em que a população se rebela contra as mazelas desta administração. São eles: Antonio Roberto Gomide, Assef Nabem, Dinamélia Ribeiro, Miriam Garcia e Sírio Miguel.

De nossa parte vamos cumprir a promessa sendo a memória da atuação desta câmara para as próximas eleições. Até lá resta-nos a saudade do circo da infância colorindo a memória com sua presença ingênua e gratuita.

 

Regina de Faria Brito

Presidente

SINDIANÁPOLIS

www.sindianapolis.org
Na Rádio Manchester – segunda-feira às 9:00h.

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