Matéria – 30/11/10 – O valor do serviço à comunidade

“UM DIA DA CAÇA OUTRO DO CAÇADOR”

Prof. Myriam Marques

       Foucault salienta de modo claro o “caráter relacional das correlações de poder” (1999).Segundo ele, o poder não está localizado em um ponto fixo, permanente, imóvel, da qual não escapamos jamais. Se há poder, há possibilidades de resistência, justamente por que é uma relação que pode se modificar a qualquer instante. Os pontos de resistência fazem parte da própria malha do poder. A pluralidade é a marca da resistência, que pode surgir em qualquer ponto improvável, de forma inventiva, surpreendente, imprevisível.

As resistências produzem nós, reorganizam, reagrupam, rompem com a suposta estabilidade de um poder absoluto. É desta forma que podemos escapar das análises políticas que privilegiam um sistema Soberano-Lei. O rei, como metáfora de um poder centralizador, definitivamente, não está mais aqui. Será??? Creio que muitos ainda agem como reis.
Diante da exposição deste autor, é possível refletirmos melhor sobre os fenômenos políticos sociais que ocorrem visivelmente em nosso meio. Haveria ainda um rei? Estaríamos sob o peso de um poder que reprime?Foucault afirma que o poder não pode estar apenas em uma das partes e que a resistência seria também uma forma de poder.

Depois de esclarecer que existem três tipos de lutas: lutas contra formas de dominação (étnica, social e religiosa), lutas contra formas de exploração que separam os indivíduos daquilo que eles produzem, e lutas contra as formas de subjetivação, Foucault esclarece que são as lutas contra a sujeição que têm se tornado cada vez mais importantes.
É justamente deste lado que nos colocamos: na luta contra a sujeição que amortece os desejos e congela as almas. É contra a centralização deste poder que nos opomos. É em favor dos interesses da coletividade que nos prontificamos lutar. Se nos perseguem é porque incomodamos, se nos rejeitam, é porque não comungamos de suas idéias de poder ou não nos alistamos em seus exércitos de pedra.

Nossa linguagem é a linguagem da liberdade, da crença no elemento humano e, não no esquadrinhamento das vontades humanas. Sabemos que hoje as formas de dominação estão mudando, embora exista camuflada, branca, silenciosa.
A linguagem é uma forte arma contra as diversas formas de dominação. Por isso a mídia serve aos interesses daqueles que querem dominar. O primeiro passo para a dominação e propagação de uma ideologia inicia-se pela mídia. Esta representa uma forma de poder capaz de controlar e ou influenciar as mentalidades mais descuidadas.
Infelizmente os espaços para a propagação das verdades se encurtam. Abrem-se as cortinas para o sensacionalismo exacerbado que ilude e encanta com suas superficialidades. Enquanto isso os verdadeiros lobos devoram presas fáceis. O ouvir e o ver substitui o pensar, o refletir, o contradizer.

Por outro lado, voltando ao pensamento de Foucault, podemos respirar aliviados por entendermos que ninguém pode enganar todo mundo o tempo todo. Tudo que sobe pode cair. Tudo que fere pode ser ferido. Há poderes em todas as pessoas. Há força na resistência. Há reação contra a dor sofrida. O mal que nos fazem produz sintomas. Não é bom fazermos o mal de modo implacável. Haveremos de por em prática os ensinamentos de Cristo e não somente freqüentarmos um templário para desencargo de consciência. Haveremos de cuidar do próximo com carinho, de lutarmos juntos pela melhoria de vida de cada um de nós.

É inadmissível que sejamos mal tratados no trabalho, na família, nas ruas.Não dói ser gentil, educado, atencioso com aqueles que nos procuram. N ao arranca pedaços ter boa vontade para com o próximo. Que arena é esta em que nos colocaram? Vigiados, disciplinados, porém sem desejo. Robôs programados para o trabalho. Muitas vezes improdutivos por não terem desejo e sim instinto de sobrevivência. Amedrontados, perseguidos pelo espírito do pessimismo e da insegurança.
O poder pela força tende a criar a resistência, a revolta, a doença a falta de vontade. Muitos profissionais ao longo do tempo vão perdendo a motivação para o trabalho, isso ocorre, na maioria dos casos, pelos descasos que sofrem cotidianamente.Cada vez que muda um chefe cria-se um mal estar na equipe. É que muitos querem mostrar serviço pisando nas pessoas e assim ficar bem aos olhos do rei.

Vivemos em busca do equilíbrio, mas caminhamos em corda bamba.Lutamos tão somente pela possibilidade da alegria. Somos parte de um universo complexo em que pessoas, valores, e sentimentos estão sendo suplantados. Quero aqui deixar um conselho para todos aqueles que se acham donos do poder. Nos inevitáveis movimentos de rotação e translação os dias passam e as estações mudam. Nesse ciclo natural pode haver o dia da caça e outro do caçador.

Que Deus nos inspire a humildade dos sábios!!!

Prof. Ms. Myriam Marques

Presidente do Conselho Municipal de Previdência Social

 

Veja também

SINDIANÁPOLIS PROTOCOLA OFÍCIO COBRANDO DA ADMINISTRAÇÃO MUNICÍPIO O PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS AOS SERVIDORES DA CENTRALIZADA LOTADOS NA EDUCAÇÃO

Existe uma prática antiga na administração pública municipal alinhando o recesso de final dos servidores …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sahifa Theme License is not validated, Go to the theme options page to validate the license, You need a single license for each domain name.