Matéria – 25/08/07 – Quebrado em pedaços

QUEBRADO EM PEDAÇOS

 

O Brasil formado por mais de 5 mil municípios vive uma crise política onde as denuncias de corrupção, em todos os níveis de governo, se avolumam e marcam, sobremaneira nossa historia política. Através de um ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO criado para avaliar o desempenho político, sua classificação ficou em 70° lugar no ranking total de 163 países.

No dicionário eletrônico encontra-se a origem do termo corrupção que numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços e numa segunda acepção, apodrecido, pútrido . No mesmo local, corrupção política significa o uso ilegal – por parte de governantes, funcionários públicos e agentes privados – do poder político e financeiro de organismos ou agências governamentais com o objetivo de transferir renda pública ou privada de maneira criminosa para determinados indivíduos ou grupos de indivíduos ligados por quaisquer laços de interesse comum – como, por exemplo, negócios, parentesco, partido politico,etnia ou de fé religiosa.

Viver em sociedade significa pensar no coletivo acima dos interesses individuais e as leis e normas servem para balizar e garantir esta relação. As pessoas que desrespeitam essas leis em benefício próprio são reconhecidas como criminosas e em crimes de corrupção política, os criminosos utilizam posições de poder estabelecido no jogo político para realizar atos ilegais contra a sociedade como um todo. O uso de um cargo público para estes fins é também conhecido como tráfico de influência e os crimes vão de suborno e nepotismo até a obtenção de benefícios de fundos públicos de forma ilícita.

O público se confunde com o privado e a “presunção do poder da caneta” conduz o governante a atos criminosos. Os frágeis mecanismos de controle destas relações têm conduzido à política estatal a ser presa fácil da corrupção. Poderíamos nos deter em analisar exemplos recentes das denúncias da existência do “caixa dois” e do denominado “mensalão”, bem como de operações que denotam a falência de instituições tais como o congresso e a própria justiça. Mais recente o caso envolvendo o presidente do senado Renan Calheiros, dentre tantos que tem mobilizado a atenção da mídia nacional em torno de denúncias de desvio de verbas federais enquanto símbolo-síntese da roubalheira nacional, corrupção e suborno.

Por aqui, também estamos vivendo uma situação onde o prefeito já foi sentenciado à perda do mandato, no caso do mercado do produtor, por crime de uso de bens públicos com lucro privado e, no entanto, continua no cargo por força das inúmeras possibilidades de recursos judiciais. Neste episódio foram comercializados 38 boxes em área pública, sem licitação e sem autorização da Câmara de Vereadores. Somam-se a esta, outras denuncias, tais como superfaturamento de obras públicas, desvio de verbas carimbadas do Fundo de Educação para pagamento de empreiteira, desvio de dinheiro da previdência, desvio de verbas da saúde etc., etc.

Tão grave quanto a própria corrupção é a impunidade que perpetua e torna natural os comportamentos anti-éticos, ao mesmo tempo que realimenta o processo de corrupção. As instituições ficam desacreditadas e a população fica indiferente e apática aos assuntos políticos conduzindo, em última instância, ao deterioramento do convívio social.

Acreditamos que ao enfrentar a corrupção, criamos meios para acabar com a carência crônica de verbas que afeta milhares de municípios brasileiros. Além disso, a administração ética dos recursos públicos melhora a qualidade dos serviços básicos oferecidos à população, equilibra a circulação de recursos e possibilita a geração de novos empregos. Nossa conivência com esta conjuntura necessita ser transformada no trabalho engajado pela transparência nos gastos públicos de todos os governos, pela eficiência dos órgãos públicos e pela eliminação da corrupção. Só assim poderemos juntar os pedaços e construir uma nova sociedade.

 

 

Regina de Faria Brito

Presidente SINDIANÁPOLIS

www.sindianapolis.org
/ Na Rádio Manchester – segunda-feira às 9:00h.

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