VALE QUANTO PESA
No interior das questões político-adminitrativas transcorrem fatos eminentemente pitorescos e por vezes hilários. É que, no espaço em que se interagem “Seres humanos” isso é corriqueiro. O que nos causa repugnância é saber que a lógica do poder esta em “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”
Dentre os célebres conselhos de Maquiavel ao “Magnífico Lorenzo de Médici” citamos um em especial: “E uma das coisas que um príncipe deve evitar é ser odiado”. Isto é serio e deve ser levado em conta no contexto das relações de poder, entre os que mandam e os que se “submetem”.
Ainda que tenha sido escrito em tempos longínquos, o texto é bem atual e serve como exemplo a ser aplicado nos tempos atuais, Assim, tomarei por base esta metáfora “maquiavélica”para ilustrar de modo figurativo o absurdo proferido por um determinado secretário ao ser questionado pela presidente do sindicato quanto à questão das alterações no plano de cargos e salários.
Num reino bem próximo, vivem a nobreza e seus súditos. Dentre os ministros do rei, existem alguns que julgam por procedente afirmar que os súditos que atuam nos serviços do palácio são todos débeis, inoperantes, preguiçosos, despreparados e, ganham bem pelo pouco que produzem.
Questionado por uma destemida súdita, certo ministro das finanças tomou de sua “afiada espada” e seu escudo da intolerância e bradou: “estes súditos efetivos valem quanto pesam”! Devem receber conforme suas produtividades…!!! Não trabalham e não merecem coisa alguma!
Neste reino, alguns membros da nobreza não meditam nos conselhos de Maquiavel que adverte: “A melhor das fortalezas de um príncipe está em não ser odiado pelo povo, porque ainda que existam fortalezas, estas não o salvarão do ódio popular”
Logo,não tardarão a criar um mal esta entre todos e assim, contribuir para que a apatia e o descontentamento já instaurado nos corações destes súditos funcionários efetivos que vem de anos, sofrendo este tipo de discriminação por parte destes, que se sentem donos da verdade e sumos acusadores
Voltando às palavras do Ministro das finanças, vale ressaltar que os súditos que labutam no palácio, são homens e mulheres calejados por ver as injustiças predominarem, por ver os favorecimentos ocorrerem para alguns e, para outros, nada! Cresceram vivenciando a desigualdade oficialmente observável.
No cotidiano do grande palácio vivem no silêncio e à sombra das sutilezas que cercam os nobres,alimentam-se das migalhas dos banquetes reais.
São homens e mulheres que lutam inconscientemente pela liberdade, por uma vida melhor e mais digna. Tudo em vão, enquanto novos súditos, comissionados, chegam aos bandos, sedentos de trabalho em troca de bons bocados de moedas (são gratificados). Chegam trazidos pelas mãos de outros nobres que pertencem a reinos vizinhos que legislam em causa própria.Chegam afoitos, dispostos a pisotear seus companheiros de “braçada”, encorajados pelos ministros chefes.
Aos poucos súditos que têm coragem de lutar e clamar por justiça, resta a esperança. Àqueles que por ventura se acostumaram ao arreio, alheios às chibatadas, a certeza de que nunca serão reconhecidos,nem pelo Trabalho, nem pela Luta.
Prof. Ms. Myriam Marques
Presidente do Conselho Municipal de Previdência Social