Matéria – 23/02/07 – Quando o pouco parece muito

QUANDO O POUCO É MUITO.

 

“Para a nossa avareza, o muito é pouco;

Para a nossa necessidade, o pouco é muito.” (Sêneca)

 

Os salários finalmente foram colocados em dia no sábado de carnaval para a alegria dos servidores ativos.

Passei o carnaval me perguntando se havia algo a comemorar e descobri que após dois anos de luta para que a lei orgânica, que garante o pagamento dos salários até o quinto dia útil depois de vencido fosse cumprida, ficou a certeza que temos muito a refletir e mais ainda a preocupar.

Vivemos em um município com mais de 300 mil habitantes que já comemora o seu centenário e que possui, sem dúvida nenhuma, os maiores potenciais em estrutura físico/financeira/econômica e locacional, mas que possui uma administração que não consegue cumprir com sua obrigação primária e básica: Pagar os salários devidos em dia. Foi necessário dois anos de pressão continua e apenas após sensibilizar a sociedade contra esta política assassina, que condena seus servidores a mendicância, a administração decide colocar o pagamento dos salários no seu devido lugar.

Na sexta feira de carnaval nos deparamos uma encenação no mínimo deprimente: O prefeito convoca toda a imprensa para anunciar o pagamento dos salários atrasados. Para uma pessoa com um pouco de razoabilidade estes salários seriam pagos em surdina para não chamar mais a atenção sobre um fato que só deveria envergonhar. Pagar em dia não é favor, mas obrigação. O servidor continua lutando pelo mínimo a sua sobrevivência e isto é muito pouco. A luta é muito maior, pois passa pela mudança de cultura, quem trabalha tem direito a receber .

O mais preocupante nesta situação: Os aposentados receberam janeiro deixando para trás os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro. Contrariando a atual presidente nomeada do Issa, mas em nome de experiências pretéritas, isto cheira a calote . De qualquer forma, se os servidores receberam janeiro ficando para trás quatro folhas a serem pagas e os salários dos servidores ativos estão em dia, onde estão os 11% que é descontado automaticamente de nossos salários e que deveriam ir imediatamente para o fundo previdenciário? Conforme informação oficial, não está havendo apropriação indébita, porque, então, esta defasagem absurda entre o pagamento dos servidores ativos e os aposentados? Uma matemática básica demonstra que algo está equivocado nesta historia.

Certo então estamos nós ao apoiar a CEI (Comissão Especial de Investigação) para apurar, dentre outros fatos, a questão denunciada por este jornal da apropriação indébita e de irregularidades no ISSA. E por falar em CEI, não é que em surdina ante o burburinho do carnaval o Procurador da Câmara vai sorrateiramente para Goiânia para entrar com recurso contra a sentença do Juiz da Vara das Fazendas Públicas que deixou muito claro que ilegal é tentar driblar a Constituição e a Lei Orgânica para evitar que a Câmara faça seu dever de casa que é fiscalizar o executivo. Acho que a população deve começar a ficar muito curiosa pra saber por que esta administração tem tanto medo desta CEI.

As tentativas de impor a maioria da situação na comissão de investigação são claras, pois sabemos que uma CEI com maioria apoiando o prefeito só vai servir para camuflar a verdade e impedir a população de ter acesso aos fatos reais. Infelizmente resta-nos refletir sobre a qualidade dos representantes que lá estão. Ainda não entenderam que os poderes são independentes e ser da bancada do prefeito não significa acobertar os seus erros. Ser conivente é colocar todos em um só balaio e se posicionar contra a cidade que os elegeu.

 

Regina de Faria Brito

Presidente

SINDIANÁPOLIS

SINDICATO DOS FUNCIONÁRIOS E SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE ANÁPOLIS

www.sindianapolis.org

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