DISCRIMINAÇÃO |
Em um passado recente o funcionário público foi muito respeitado frequentemente usufruindo uma posição de destaque na sociedade. Com isso as portas sempre se abriam aonde ele fosse.
Hoje, os tempos são outros e o termo funcionário público é usado pejorativamente. É sinônimo de corrupção, de pessoas que não trabalham que cuidam dos seus interesses em detrimento do interesse público. Concordo que existem sim funcionários que fazem jus a essas críticas, como acontece em todas as profissões, até mesmo nas igrejas. Contudo não é porque existem pastores ou padres que não seguem a “palavra” é que temos que deixar de ir às igrejas e de sermos cristãos verdadeiros.
A generalização é tremendamente perniciosa, pois gera injustiças tremendas, ao contrário devemos saber separar o joio do trigo. Pessoalmente trabalho no serviço público municipal há 25 anos. Quando entrei fiz um compromisso com Deus e a cidade de servir, de trabalhar por uma cidade melhor, pelo futuro de nossos filhos e netos. Tenho certeza que centenas também têm este compromisso. No município temos muitos funcionários corretos, honestos, trabalhadores, competentes. Pessoas que se dedicaram a vida inteira em favor do município.
Pessoas que entraram bem jovens e hoje são senhores e continuam trabalhando, cumprindo o horário, cumprindo o dever, atendendo bem. São estas pessoas que sempre carregaram a prefeitura nas costas e muitas vezes não tem o valor que merecem.
A constituição de 1988 estabeleceu a exigência de concurso para o ingresso no serviço público. Mas ao longo do tempo para burlar isto os governos tem aumentado o número de cargos comissionados. No município hoje temos apenas cerca de 3% destes cargos sendo usados por funcionários de carreira. Quando entrei no governo do Dr. Anapolino de Faria era mais de 50%. Com o novo Plano de Cargos e Salários este número será de no mínimo 20%.
Com relação ao tema discriminação, eu tenho sentido intensamente isto na pele, basicamente em relação a duas coisas: Em função de receber um bom salário e por ser funcionário de carreira. Isto me deixa muito triste, já que procuro fazer tudo pelo município.
Ter um bom salário foi uma conquista durante os anos de trabalho, quando inclusive exerci cargos durante 9 anos, sendo 4 de 1º escalão. Tive inclusive que entrar na justiça há alguns anos atrás para reivindicar os meus direitos e consegui, quando muitos não tiveram a coragem de fazer isto. Na época tínhamos como salário base o mínimo. Se estivesse na iniciativa privada com os conhecimentos e capacidade que tenho certamente estaria ganhando muito mais. Por que um funcionário competente, honesto, trabalhador, qualificado, não pode ganhar bem? Só porque ele é funcionário público?
A outra discriminação que tenho sentido é a supervalorização do funcionário comissionado em detrimento do funcionário de carreira. Temos ouvido por aí por altos dirigentes que funcionário de carreira não trabalha. A grande maioria trabalha e muito. Eu pessoalmente tenho 25 anos trabalhados, e não apenas do cargo. Se alguns não trabalham, e eles também têm culpa disto, entendo que a culpa maior é de quem permite que eles não trabalhem. Por que não tomam providências ao invés de ficar criticando? Eu e meus colegas que trabalhamos não podemos pagar por isto. Não olham as qualidades da maioria, só olham os defeitos da minoria e generalizam.
Está na hora de haver uma grande mudança com relação ao assunto em nível nacional, a começar pelo congresso nacional. Vamos valorizar as pessoas que carregam o país nas costas.
Engº Robson Alves Batista
Funcionário Público Municipal