Matéria – 07/07/07 – Meu presente à Ana

MEU PRESENTE A ANA.

 

Desejo compartilhar o resultado vitorioso de uma trajetória recente e pessoal permeada de momentos tensos, absurdamente temperados com autoritarismo e desmesurada irracionalidade. Neste percurso a minha historia se mesclou ao drama do servidor ativo e aposentado e hoje saltei da primeira para a terceira pessoa.

Sou servidora de carreira há 23 anos e a formação em arquitetura e urbanismo adicionada ao amor imensurado à terra natal das “boas aguadas” me conduziram ao estudo sobre as condições da formação e evolução da estrutura urbana da Cidade de Ana. Até então acreditava que a parceria de um Plano Diretor com um sistema de planejamento, por si só daria suporte para o direcionamento de uma política urbana pautada na justiça social e na busca de sustentabilidade para o município.

Mera ilusão. Quando em 2002, empolgada com o pensamento de vanguarda do então prefeito, acreditava que pudesse aprovar uma atualização para o Plano Diretor de 1992. E, justiça seja feita, sua compreensão sobre a necessidade de independência do setor público em relação à pressão do capital imobiliário era confirmada através de suas ações. Entretanto seu destempero e imprevisibilidade impediram a concretização deste sonho. Na intervenção tive uma trégua, talvez para obter energia, pois a batalha maior já se avistava. O vice assumiu a prefeitura como candidato a reeleição e aí muito rapidamente passei a ser uma pedra em seu caminho, pois os amigos do gabinete e financiadores da campanha deveriam definir os caminhos da política urbana sem nenhum tipo de interferência técnica.

Afastada do trabalho que vinha desenvolvendo por mais de duas décadas decidi dar continuidade às pesquisas através do mestrado oferecido pela UFG. Para tanto precisava de uma licença, pois os horários das aulas coincidiam com o meu horário de serviço. Embora existissem algumas leis aprovadas garantindo o aperfeiçoamento do servidor foi necessário mais de um ano de luta e a interferência decisiva do saudoso empresário Miguel Braga que, nos últimos dias de sua vida e compadecido da minha dificuldade decidiu, por livre e espontânea vontade, me auxiliar na realização desta intenção. No final de 2005 consegui a licença que tinha direito, mas ouvi do então Secretario Municipal de Habitação que eu não precisava mais comparecer no meu setor, pois havia “ordens superiores” me impedindo de trabalhar com o Plano Diretor. De sua assessora direta e herdeira de alguns traços de personalidade, recebi ordem expressa de não comparecer na secretaria nem para pesquisar os dados do mestrado. Foi necessário informar-lhe que documento público, como bem diz o nome, é de livre acesso. Ao solicitar acesso a livros e documentos pessoais misturados aos da prefeitura e acomodados indistintamente em minha sala ao longo destes anos, obtive um tratamento desrespeitoso, pois foi designado um servidor comissionado para fiscalizar a separação do meu material que foi por ela posteriormente selecionado e só liberado com assinatura de um documento.

Por fazer parte do quadro da diretoria do SindiAnápolis, apesar da licença, freqüentava o sindicato pelo menos três vezes na semana. Com o acirramento dos conflitos na relação entre a administração e o sindicato como retaliação, em outubro de 2006, minha licença foi cassada e fui transferida para o CMTT (Conselho Municipal de Transito e Transporte). Se não bastasse, questionaram as declarações apresentadas de freqüência no mestrado e chegaram a telefonar para a faculdade, em Goiânia, para confirmar minha participação no programa de pós-graduação.

Pois bem, apesar de toda a dificuldade em conciliar prefeitura, mestrado e sindicato, neste último dia 28 de Junho aconteceu a defesa da dissertação que versa sobre “A gestão das cidades e sua organização interna: Anápolis, 1993 a 2004” . Fui APROVADA e este é meu presente para o centenário da cidade: uma reflexão sobre a interferência das gestões municipais deste período na evolução e configuração da estrutura urbana do município.

Dizem que o caminho mais rápido para se chegar a Deus é o da gratidão, por isto quero trazer a público os agradecimentos presentes nas páginas pré-textuais da dissertação:

A Deus, todo Louvor e Glória, em todo tempo.

À memória de meu pai, a minha mãe, marido e filhas, esteio de todos os momentos.

Aos colegas e professores queridos do mestrado.

Ao Prof. Dr. João Batista de Deus, pelo incentivo e confiança em meu trabalho.

A família CMTT da Prefeitura Municipal de Anápolis, que me recebeu de braços abertos quando da minha transferência de setor em virtude de perseguição política.

Aos que me perseguiram politicamente, pois me fortaleceram na perseverança, fé e coragem para continuar em busca da justiça e da verdade.

Regina de Faria Brito

Presidente SINDIANÁPOLIS

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