ANÁPOLIS NÃO É MAIS UMA MENINA MOÇA.
Por Regina de Faria Brito
Neste 31 de Julho de 2006, Anápolis está iniciando a comemoração de seus 100 anos.
Um século de vida. A “cidade de boas aguadas”, “Manchester goiana”, “o Berço da Águas” cantada em versos e prosas não é mais uma menina moça. Aliás, costumo fazer uma comparação muito pouco poética – Anápolis é uma grande mãe que gerou Goiânia e depois Brasília, engordou muito através da ambição descabida dos loteadores, está largada pela ação irresponsável de seus políticos, necessitando de ajuda medica eficaz e foi esquecida pelos filhos que gerou.
É ruim ver esta dura realidade em relação a terra que nos gera, nos acolhe sempre, mesmo quando somos filhos ingratos. Mas se olharmos sua trajetória administrativa talvez possamos entender porque estamos como estamos. A cidade que reúne, sem exageros, o maior potencial econômico do Centro Oeste brasileiro, hoje oferece uma péssima qualidade de vida a seus habitantes. E nós, servidores públicos municipais, defensores do patrimônio de toda coletividade, não fugimos a regra. Você sabe como estamos sendo tratados.
Após anos, os salários em 2004, foram colocados em dia, mas logo depois começaram a ser pagos em atraso chegando até ao patamar de três meses; a desconsideração e o desrespeito ao funcionário se estendeu ao sindicato, representante legitimo da classe; a perseguição dos funcionários que entraram na lista negra da administração por não rezarem sua cartilha; a clara intenção de retirar os benéficos adquiridos ao longo do tempo de serviço, como foi o caso do fantasma VPAN e que mesmo com o parecer do juiz a nosso favor, o Prefeito entra com recurso tentando retirar nossos direitos; a indisposição em criar Conselhos que privilegiem a participação do servidor, como é o caso do Conselho do Issa que o Prefeito se nega a constituir. Entre outras tantas irregularidades.
Se olharmos a historia das administrações veremos que isto não é de agora. Já em 1930 a Prefeitura estava endividada, exigindo ações saneadoras das finanças públicas. Em 1953, assim como hoje, os funcionários públicos estavam com seus salários com três meses de atraso. Em 1961, o Prefeito eleito denunciou o desvio de verbas pelas administrações. Para executar obras foi necessário aumentar a dívida municipal e os funcionários novamente pagaram a conta tendo os seus salários pagos com atraso que se prolongaram por meses.
É interessante observar que de 1892, quando das primeiras administrações, anteriores à elevação da vila para cidade transcorreram 113 anos onde tivemos 25 Prefeitos/Intendentes eleitos, 21 foram nomeados, três renúncias e duas cassações. Em média foram 2 anos e meio para cada governo. É claro que uns mais outros menos, mas o fato é que provavelmente nós tivemos uma descontinuidade administrativa jamais vista em outro município brasileiro. Este talvez seja um fato que justifique a falta de compromisso da grande maioria dos administradores.
Vejamos o atual, até hoje ele diz que recebeu a Prefeitura em um estado de calamidade, fato este questionável, pois com a intervenção houve um saneamento da maioria das dívidas publicas e os salários ficaram em dia. Até o atual momento não aprendeu como administratar. Já está no governo a cinco anos e meio e incorre em erros maiores que o Prefeito anterior, seu companheiro de chapa.
Nós temos o mau hábito de sempre buscar culpado para nossos sofrimentos. Da mesma forma buscamos sempre um herói que resolva todos os nossos problemas. Hoje em dia ficou mais difícil acreditar que o político vai resolver alguma coisa, pois a máscara caiu e a hipocrisia veio a tona. Então de quem é a culpa?
O sindicato tem a obrigação de alertar: a culpa de tudo isto é nossa. Por quê? Porque novamente buscamos heróis ou pais e nos negamos a andar com as próprias pernas.
Acredito que a única forma de mudar esta situação é nos organizar e irmos à luta em busca de nossos direitos. O convite que tenho feito a cada um, de vocês, meus colegas é para nos unirmos sem medo, pois cada Prefeito é nuvem passageira e o que fica são as mazelas que temos que amargar depois.
Um palito pode ser facilmente quebrado, mas muitos palitos juntos não se quebram. Una-se ao Sindicato, fortaleça-o e nada nem ninguém poderá nos assustar. Nunca prometemos milagres, nem mentimos sobre resultados, mas com certeza, com trabalho e união vamos conquistar o espaço que é só nosso e nada nem ninguém poderá tira-lo de nós.
“A ciência poderá ter achado a cura para a maioria de todos os males, mas não achou ainda remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos”.
HELEN KELLER